terça-feira, 26 de julho de 2011

RESUMO/VITALISMO

 (Doutoranda: Meire Turini)
Como reação ao abstracionismo e à especulação idealista hegeliana aparece o pensamento de Sören Kierkegaard (1813 — 1855).
A importância de Kierkegaard na Antropologia provém, sobretudo, de sua revalorização do indivíduo singular e das realidades vitais e emocionais humanas as quais Hegel não atendia, ou acreditava poder racionalizar.
Inimigo de toda sistematização lógica, pensava que o homem existente é algo tão único e irrepetível que resiste a toda classificação; inclusive o pensamento, para o estudioso, é absolutamente subjetivo. Ele invalida o pensamento puro, objetivo, abstrato e idealista, pois acredita que este é subjetivo, apaixonado, não desinteressado, e concebe o verdadeiro pensamento como sendo ético-religioso.
A verdadeira subjetividade consiste em colocar-se pessoalmente em relação somente com Deus, em referência a Ele. Trata-se de trabalhar enquanto pessoa singular, de ser sacrificado como singular. A tarefa de interiorizar é, na verdade, o único meio necessário à cristandade, porque a doutrina já é conhecida por todos, logo a verdade é a subjetividade.
Não há, segundo o pensador, como rejeitar o conhecimento objetivo, sua intenção, mas é importante assinalar que o conhecimento só objetivo é estéril para a realização do homem.
Segundo Kierkegaard, há três modos ou estágios no caminho da vida.
1)          Estético — é o hedonismo e o prazer dos sentidos, mas também o prazer especulativo que termina no tédio e no desespero.
2)          Ético — o homem vive de normas e deveres, mas está alienado do universal e não pode viver plenamente sua subjetividade.
3)          Religioso-cristiano— é o mais perfeito. O homem vive da fé subjetiva em um Deus, com o qual se relaciona, subjetivamente, sem mediação.
O salto de um estágio ao outro não pode ser lógico, mas vital e livre. Quando o homem experimenta a angústia ante o pecado e ante o nada de sua existência, é neste momento que se encontra na alternativa de eleger uma vida de fé diante de Deus ou de permanecer no pecado. A subjetividade é o martírio da razão e produz também incompreensão dos demais.
Kierkegaard, influenciado pela Teologia protestante, reduz o homem a sua vivência religiosa na solidão e na dor, mas tem o indiscutível mérito de ter definido o valor do homem singular e os componentes emocionais e volitivos da pessoa frente ao abstracionismo hegeliano.

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